23 de fev. de 2010

Poesia Vista




As flores morreram de frio

e de Seus Pedaços Gritam Escassos


Um Poema Feliz e Rasgado
Alexandre Ferreira

Eu escrevi um poema feliz
E dentro dele há um sorriso guardado
Cheio de dentes brancos e puros
Inundado de risos e sonhos

Por escrever um poema alegre
Recebi felicitações até das palavras
Minhas amigas de bebida e lágrimas
Tão surpresas ficaram... que choraram

É um poema feliz e de grandes alegrias
Palavras destinadas a quem faz chorar
A quem em poema feliz não acredita
Poema feliz e renegado... Rasgado
Poema rasgado

Era um poema feliz
E de seus pedaços gritam escassos
Meus pedaços de amor....

Um poema não é para te distraíres


Projeto de Prefácio
Mario Quintana

Sábias agudezas... refinamentos...
- não!
Nada disso encontrarás aqui.
Um poema não é para te distraíres
como com essas imagens mutantes de caleidoscópios.
Um poema não é quando te deténs para apreciar um detalhe
Um poema não é também quando paras no fim,
porque um verdadeiro poema continua sempre...
Um poema que não te ajude a viver e não saiba preparar-te para a morte
não tem sentido: é um pobre chocalho de palavras.

5 de fev. de 2010

O Tempo Mata e O Tempo Morre


Tempo de Vida
Alexandre Ferreira (AlxSeth)

Profetizando o que me resta de vida,
Vivo sonhando acordado felicidades que não virão,
Trabalho a mente pra esquecer do corpo morto pelo chão,
Pra esquecer do coração errado que me construiram.
Sigo... O caminho da desesperançosa esperança
Contraditórios sentimentos, contraditória existência.

Cicatriz espalhada pelo peito, tatuagem eterna da dor
Pintura que representa as batalhas ganhas, ou as perdidas?
Dúvidas nascem a cada célula morta, mais próximo do fim,
Mais próximo de começar o desespero.
Medo de ser esquecido, de esquecer, de perder o que vivi
Medo de perder o pouco que lutei pra conquistar.

Movido pelo medo sigo movendo as pernas cansadas,
Indo da vida morta para a morta vida
Indo pra onde eu sempre temi ir, viagem sem fim.
Quando volta quem vai sem viver?

Se me parassem de morrer os minutos
Eu tentaria resgatar as horas,
Essas que passam e levam juntos os dias
Os meses, os anos... O Tempo não me espera viver.
O Tempo mata
O Tempo morre.

Pois a roda Ainda Está Girando


The Times They Are A-Changing
Bob Dylan


Por onde quer que andem
e admitam que as águas
á sua volta aumentaram (cresceram)
E aceitem que logo
Estarão cobertos até os ossos
Se seu tempo para você
Vale a pena ser salvo
Então é melhor começar a nadar
Ou irá se afundar como uma pedra
Pois os tempos estão mudando

Venham escritores e críticos
Aqueles que profetizam com sua caneta
E mantenham seus olhos abertos
A chance não virá novamente
E não falem tão cedo
Pois a roda ainda está girando
E não há como dizer
quem será nomeado
Pois o perdedor de agora
Mais tarde vencerá
Pois os tempos estão mudando

Venham senadores, congressistas
Por favor escutem o chamado
Não fiquem parados no vão da porta
Não congestionem o corredor
Pois aquele que se machuca
Será aquele que nos impediu
Há uma batalha lá fora
e está rugindo
E logo irá balançar suas janelas
E fazer ruir suas paredes
Pois os tempos estão mudando

Venham mães e pais
de toda a terra
E não critiquem
O que não podem entender
Seus filhos e filhas
Estão além de seu comando
Sua velha estrada
está rapidamente envelhecendo
Por favor saiam da nova
Se não puderem dar uma mãozinha
Pois os tempos estão mudando

A linha foi traçada
A maldição foi lançada
E lento agora
Será o rápido mais tarde
Assim como o presente agora
Será mais tarde o passado
A ordem está
rapidamente se esvaindo
E o primeiro agora
Será o último depois
Pois os tempos estão mudando

2 de fev. de 2010

Quanto Uma prisão de Pedra me Permite


Foi-se (Tudo)
Alexandre Ferreira (AlxSeth)

Foi-se o tempo em que sorria,
O sol deu seu lugar para o choro
E agora só se faz apodrecer.
Molhar o corpo de chuva e lágrimas,
Agora só se faz o que não deveria ser feito.

Tentei levar normalmente,
Sorrir de forma convincente.
Só sei mentir...
Como o perfume de um velho frasco,
Como o sorriso de um novo palhaço.

A história morre a cada página virada
Engolindo falhas e desejos irrealizáveis.
Aceito o destino de que tudo vai cair.
Se me ouvisse como ouve a canção do rádio,
Mudaria eu as honras destas horas.

Foi-se o tempo em que queria,
O sol deu seu lugar às lágrimas
E agora só se faz molhar.
Apodrecer o corpo de sorrisos,
Agora não se faz o que deveria ser feito.

Vivendo a vida tão livre, tão viva
Quanto uma prisão de pedra me permite.
Fecho os olhos pra sonhar que ainda existe,
Esperança por detrás deste muro de olhares.
Tenho tempo pra sonhar todos os sonhos.
(Só sonhos...)

Foi-se o tempo,
Foi-se o vento,
Foi-se o sonho,
Foi-se...
(Até o que não deveria ter ido).