16 de jan. de 2010

MÚSICAlMENTE


E toca uma doce sinfonia de fundo, violinos, pianos, instrumentos de sopro e uma batida que vai crescendo do fundo da canção, parecendo crescer do fundo do peito. A canção me engole pra dentro dela, meu coração tem o ritmo de suas batidas. Sinfonia doce e sem letra, fez de mim seu autor, sua escrita e agora não canta nada por suas estrofes. Se um papel me voasse a mão, escreveria uma história, um refrão contaria o que há de bom, o que não. Vê-se confundir as cores da parede, a música muta tudo, estou tão perdido em mim que ando perdido entre as notas. Vagando pelos becos escuros de cada verso já formado, grudando palavras sem sentido, tentando criar letra, poesia, prosa...história. O objetivo de todos é criar história, seja com som, letra, vitória. Me fogem as palavras, mas o violino me inunda a mente e de repente, não mais que de repente vem de longe o doce da voz dela, musa minha trazendo letra e lágrimas formadas... É ela quem canta não eu, é ela quem é não eu... Não vejo mais o rosto dela, não há mais mão que me tire dessa velha poltrona, não há agulha que me crave outra música no disco. Já não sei há quanto tempo ela partiu, quantos dias se passaram desde seu último adeus. A voz dela me traz o que compus para a mais bela das flores. Minha letra, sua canção... Desabitada minha morada, resta-me o disco, a jornada que faço de encontro aos sons, pois fui privado por você de todos os outros sentidos. Agora apenas o ouvido funciona, apenas sua música toca. Assim... Amor Eterno... Terno, Inferno.

Isto. (Introdução)




Introdução


Isto. Não há melhor maneira para definir a tentativa de contar a história de um homem que não existe, este homem inexistente sou eu. Narro aqui a história dele/eu, que busca apenas respostas para perguntas que nem foram feitas.
O principal objetivo disto é jogar ao léu pensamentos, tormentos, quiçá até sofrimentos, desde que isso seja pego pelo abismo onde todas as letras morrem.
Sou o que sou e não há definição melhor pra mim, sou um homem que conta as horas do relógio passar, que vê do céu a água jorrar, que aprecia com fervor os próprios olhos chorar. Um homem inexistente, que de tão não vivo, cria-se em personagens que nunca existiram. Sobrevive a amores que nunca partiram e tem medo de horrores que nunca o perseguiram. A mentira talvez seja a marca de todo escritor, o exagero, a indecisão, a contradição, talvez essas sejam as bases da poesia escrita hoje em dia, talvez essa seja base da minha existência não existida. Porque dos amores vãos nascem tantos sofrimentos? Porque da ganância nasce o crime e não a batalha? Porque no nascer da vida vem a certeza da morte? Não sabendo responder essas questões afirmo sem temor que não existo, e que talvez até você leitor não exista. Essas palavras podem nunca ter sido escritas, lidas, vistas, sofridas, tudo pode nunca ter sido.
E eu me pergunto, e você se pergunta... O que pode então existir? Talvez esse seja o segundo objetivo do livro, saber o que existe... Pra mim, existe o que está marcado em nossos corpos como cicatriz. O sofrimento é uma coisa que existe, que não há como negar, todos nós, os não existentes, nos agarramos ao sofrimento, isso o define como existente. Sempre que guardamos algo em nossa memória, o que mais fica, modifica, edifica é o sofrimento. O sofrimento existe, pois por sofrer de solidão o céu criou a terra e a lua se refletiu no mar.
O futuro é outra coisa que logicamente existe, explico. Quando temos um grande amor, o que mais esquecemos é de vive-lo, pensamos, juntamos, criamos o futuro, segurando a mão da esperança, deixamos o presente de lado e brigamos no futuro. Quando se ama, perguntas como: “você vai sempre estar comigo?”, “Quando nós morarmos juntos, teremos isso?”, chegam a ser clichês, essa é a prova da existência do futuro, não há perguntas como: “você está comigo agora?”, “aqui, agora, eu sou a melhor coisa da sua vida?”, talvez isso prove que não há presente...

Assim, somos todos deuses, inexistentes, mas agarrados/criados a coisas que existem.

14 de jan. de 2010

Sobre Paz, Amor e Morte


Se a mente obedecesse o que o coração pede, haveriam mais pessoas satisfeitas pelo mundo. Hoje, porém, o que vale mais é a visão, o status, por que não as vantagens? O amor em breve será um acessório, ou quem sabe um perfume, certamente não mais que isso. O amor verdadeiro morreu com o coração de Dante, ninguém enfrentaria o inferno hoje em dia apenas para ver sua amada uma vez mais. O que enfrentariamos por nossos amores hoje em dia? Certamente viriam inúmeros sacrificios sem igual... Um dia existirá a prova real do amor e então cairão todas as máscaras que fazem desse mundo um mundo de paixões e não de amores. Quem revela seu verdadeiro rosto, fica sozinho, admirando o cantar dos pássaros, a chuva, os maços de cigarro. Lembrando de tudo, amaldiçoado com a lembrança do futuro inexistente. O mar sempre leva pra algum lugar, a água sempre apaga, o vento sempre some com tudo. Se fosse assim fácil a crença na subjetividade o fogo queimaria nossos pecados, morreriamos em paz e não mais desolados.

12 de jan. de 2010

Memorial da Vergonha


Eram belos dias aqueles vividos com a brisa do mar e com o céu azul. Mulheres e mais mulheres, festas e amigos que fazem e trazem mais amigos. Eram belas tardes quando o sol se punha e o beijo era certo na garota que eu queria. Eram noites instigantes, abraçado ao corpo nu das mais belas meninas, assim formei minha juventude, vivendo de sons e toques em corpos que mal conhecia. Assim formei o que chamo de boas lembranças, boas fotos, bons tempos. Tempos estes que não vão mais voltar, nunca dei atenção o suficiente a quem merecia, amores jogados no lixo ou pendurados no armário cheios de poeira. Nunca amei, nunca me apaixonei, só queria ter e cada vez que tinha, queria ter mais, eu só fui um devorador de sentimentos, um causador de tormentos e de dores nas pessoas com as quais não queria me preocupar. Tentei aprender o sentido do verbo amar, mas ele nunca mais bateu a minha porta, como as mulheres que tive, ele se levantou enquanto eu dormia, e deixou um beijo de adeus no vidro do banheiro. Eu apaguei cada um daqueles lábios do espelho, apagando junto em minha mente, o gosto e o cheiro daquelas que o beijavam, tantos lábios houveram, tantas cores diferentes, meu espelho deixou de ser límpido e se enegreceu com a decepção de nunca receber o mesmo beijo duas vezes. São amores superficiais estes da juventude, morreríamos como Romeu, morreríamos como o mais galante dos homens, por uma noite apenas. Somos canibais! Tão canibais que um sinônimo de sexo é comer, comemos uns aos outros sem cessar, comemos com as mãos, com a boca, com o olhar, comemos uns aos outros sem pensar. E assim cada dia que passa sem termos outro em nossos braços, lábios, pensamos em morrer, entramos em crise. Valorizamos tanto o canibalismo em nossa sociedade que esquecemos que é sem amor que se morre e não sem sexo. Entendo isso atualmente, jovem não entendia, entendo isso hoje em dia, jovem e amar, eu não precisava, não queria. Disso é feito a minha memória, do sol se guardando tristemente dentro do mar e dando lugar a lua que iluminou os corpos que passaram por minhas mãos, tanta canção, tantas noites em vão, tantas histórias e nomes sem razão, tanto sexo sem paixão.

Aos olhos do que sou hoje, era apenas alguém que não pensava com a cabeça que tem cérebro, um jovem da massa, que pensa em agradar os amigos e não a si mesmo. Atualmente, eu era uma vergonha pra mim mesmo.

debaixo da água Vai Morrendo


Canção
Cecília Meireles

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

por que vale a Pena


For What's Worth
Placebo (Letra Original em Inglês)

É o final do século
Eu digo meu adeus
Por que vale a pena
Eu sempre miro para pedir um favor
Mas eu quase morro

Por que vale a pena
Venha deitar comigo
Porque eu estou pegando fogo
Por que vale a pena
Eu rasgo o sol em três
Para acender os seus olhos

Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena

Sai da minha família
Todo mundo chorou
Por que vale a pena
Eu tenho uma doença lenta
Que me engole seco
Por que vale a pena
Venha andar comigo
Para a crescente tendência
Por que vale a pena
Encher o espaço
O seu deus se formou hoje

Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena
Por que vale a pena

Ninguém se preocupa quando você está na rua
Pegando as peças para conhecer o final
Ninguém se preocupa quando você está na sarjeta
Não tenho amigos, não tenho nenhum amor

Ninguém se preocupa quando você está na rua
Pegando as peças para conhecer o final
Ninguém se preocupa quando você está na sarjeta
Não tenho amigos, não tenho nenhum amor

Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor
Por que vale a pena
Não ter nenhum amor

Não tenho amigos, não tenho nenhum amor

O Poeta Deixa de ver A Salvação


Descarga
Alexandre Ferreira

De nada vale lutar por amor
O amor é tão sorrateiro quanto o ódio.
Opostos mais que juntos,
Assim são amor e ódio.

De nada vale dedicar-se
Enebriar-se, se entregar
De nada vale o amor ou a paixão
Tudo acaba em nada.

Quando o sol se põe
mudam-se as cores do céu
O poeta deixa de ver a salvação
E se esconde no mais escuro dos cantos

A única certeza que ele sempre leva
É aquela marcada no peito
Noite e dia, chuva e sol
Ele é o único que não se abandonará
Com... Certeza...