30 de out. de 2009
Razão, Do Que me Serves o Teu Socorro?
Insuficiência dos Ditames da Razão contra o Poder de Amor
Bocage
"Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n’alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas:
Razão feroz, o coração me indagas,
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vas nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas:
Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objetos de horror co’a idéia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo:
Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro."
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