14 de jul. de 2010

Carta de Prazer com um Adiantado Adeus


Vivendo e aprendendo segue a pena caindo e o peito cedendo e é assim que a luta vai adiante, meus braços já não fecham, são as feridas de uma seringa viciada em mim. Já não sinto dor e nem esse ópio me faz efeito... O problema é o pedido do meu corpo que perde as forças, que pede o suicídio e que se excita a cada nova picada deste mosquito da morte. Meu corpo, meu templo de perdição, meus braços são territórios do prazer. O passado é passado quando corre por minhas veias o incessante prazer deste analgésico e atualmente só ele é capaz de me dar um orgasmo, esse sem igual, mas não recomendado. Jogam-nos na cara em alguns bons filmes a imperfeição dessa sociedade, nos pedem pra muda-la, mas poucos vêem esses bons filmes e poucos são os insatisfeitos com a sociedade. Eu, insatisfeito com a sociedade e comigo mesmo me escondo embaixo desse cadáver ambulante, e escondia a sociedade cada vez que injetava minha salvação... É ilusão acreditar que a salvação não cobra nada, a salvação tem um braço dado a perdição e esse segundo braço é maior e mais forte que o outro, me sinto perdido em minha salvação, a sociedade já não se esconde como antes e só me resta a raiva por essa sujeira toda, mas o corpo me impede de lutar, a mente me convence que é mais fácil aumentar a dose "isso vai dar certo!" ele me diz e eu vou cego e burro atender esse pedido que não para... Tenho consciência de que isso irá me matar um dia, mas se viver for olhar a vida com os olhos frustrados de quem não pode muda-la prefiro minha heroína, ela me faz deitar e esquecer que isso ainda existe. Por isso uma Carta de Prazer com um futuro Adeus.

PS1: Esse texto não procura fazer nenhum tipo de apologia ao uso de drogas
PS2: Não, eu não sou drogado.

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