1 de jul. de 2010

Sobre Aquilo que me Deu Vida


Mais me vale ter palavras pra contar e conta-las mal, do que guardar em silêncio esse medo inconstante de perder a chance de brilhar letras em futuros livros. Mais me vale a incerteza de um final, do que a ausência de um inicio. Mais me vale o vicio ao ócio, mais me vale a linha torta do que a escrita perdida. E valendo-se tudo assim ao escritor, segue esse seu caminho sem temor, lutando em frente de batalhas que não existem, velando tristezas em enterros no céu. Semear poesia nesse asfalto de impurezas, incertezas de compreensão, é o trabalho mais difícil que se tem em mãos, não mais honrado que aquele que cuida das feridas ilusórias do coração, nem mais imoral que aquele que entrega a carne ao prazer alheio. Escrever é arte, talvez a arte seja a vida, mas é a morte quem dita a eternidade de um autor. Morre uma poesia hoje, morre uma prosa amanhã e de tanto morrerem as boas letras, chegará o dia em que páginas em branco serão arte, nesse dia a árvore da escrita terá sido podada, as lendas de suas grandes raízes que ainda residem abaixo do chão, serão contadas como se os tempos bons fossem aqueles antigos, e nós, seus ramos novos apodreceremos em seu sangue encardido.

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