26 de ago. de 2010

Diário Sem Nome Encontrado no Fim do Mundo (Parte 1)

Ato I

Então eu olhei pro chão, meu destino era sete palmos abaixo dele, certifiquei-me de que tudo estava correto, aquela palavra gravada na parede representava tanto e tão pouco... Verifiquei a corda e pulei... Fim.

O Pouco Eu que Resta

Nesse mundo não é necessário ter nome ou idade, isso já não importa nem a mim mesmo. Não fui alguém importante, muito menos sou agora. Aqui não vale posição social ou poder aquisitivo, o mundo de antes tinha como pessoas invejadas aqueles cheios de dinheiro e que conquistaram seus sonhos...

(Um pequeno parênteses)

(Lembro-me da hipocrisia com a qual era brindado todos os dias, com a mentira de que alguém pobre poderia alcançar a riqueza com o estudo e com o trabalho, me lembro dos dias mais antigos, onde as mensagens na TV eram sobre não deixar a esperança morrer. Me recordo também de uma frase que virou clichê de tão falada: "Quem acredita sempre alcança". E o quê alcançamos? Essa é a recompensa por acreditar sempre?

O Pouco Eu que Resta (Retomada)

... Nesse Miserável Mundo Novo os invejados são aqueles que mantêm a família perto, aqueles capazes de se protegerem e de protegerem quem amam. Nesse mundo que fez de todos solitários, os invejados são os amados, os abençoados com a força e a família. Também há aqueles exemplos a serem seguidos, esses são os mais selvagens, assassinos sem igual, aqueles que fazem de tudo para aproveitar a vida que lhes resta. Um mundo que valoriza a família e aqueles guerreiros solitariamente sanguinários. Mundo Contradição, Miserável Mundo Novo...
Já não tenho sentimentos, não me arrependo de te-los enterrados juntos de minha família. Pra mim já não há tempo para amor, não há tempo pra arte.
Deus condenou o mundo arrancando de quase todos os homens o único sentimento que lhes dava forças pra continuar, o amor foi destruído por deus e antes disso tudo, eu só sabia amar, amava tudo o que tinha. Nessa época ainda sorria, sorria como se aqueles minutos de felicidade fossem os últimos e não eram, tenho medo que os últimos minutos nunca cheguem, afinal, o castigo dos homens foi ter o amor substituido pelo sofrimento e este castigo não seria justo se não fosse eterno.
O pouco eu que resta segue vivo por medo de morrer e encontrar um lugar pior, se é possível algo pior que isso, melhor não desafiar Murphy. O pouco eu que resta é pura morte, mas que insiste em andar, que insiste em vida... Que é contraditório e esperançoso.

5 comentários:

Vinicius Faza disse...

Simplesmente genial.. Cada palavra é a mais pura das verdades!

AlxSeth disse...

Vini, valeu pelo comentário. Espero postar a continuação em breve e espero que quem ler curta.

Feer Amaral disse...

Mto interessante sua colocação.. O texto é como sempre, mto bem escrito...
No aguardo da continuação..

Paz e Força Sempre...

Izzy disse...

Se disser que é vazio adianta?
É isso que sinto ao ler isso tudo, é o talento que me deixa mais vazia, mais sem rumo...

Sue disse...

Me identifiquei bastante com esse texto, muito bom.