14 de ago. de 2010
Homem e Mar
Assiste as ondas do mar irem e voltar, de sua sala vê o belo sol terminando de se afogar. O whisky molha-lhe a garganta, mantêm a mente entorpecida, o que não faz sumir a dor de estar sozinho no dia de seu 45º aniversário. Lembra das pessoas que pisou e as inconsequências que cometeu para chegar onde está.
Sente faltado amigo que já não há?
Orgulha-se dos pais que já não são?
Arrepende-se de pai não ser?
Mas, apesar das perguntas, tem certeza do que realmente é...
É solidão sentada no sofá, olhando o mar eternamente ir e voltar, nunca cessando sua luta de chegar a algum lugar. Além de solidão, é também ódio e perdição, inconsequência sem arrependimento, é branco por fora e por dentro, ausência de sentimentos que deveriam colorir sua alma. É o primeiro homem totalmente preenchido pela solidão e a solidão é branca, como a cegueira que quase matou o mundo. Não acredita em vida após a morte, em inferno ou paraiso e é por isso que não se arrepende do que fez. Tem o que dizem ser essencial para a boa vida na sociedade de hoje em dia, muitos o invejam e muitos são invejados por ele, mas ele inveja apenas aqueles que como ele buscam uma resposta na luta eterna do mar.
Uma resposta que as ondas nunca vão mostrar.
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