26 de set. de 2010

Diário Sem Nome Encontrado no Fim do Mundo (Parte 3)

Ato II

Sentei-me ao chão, era noite e havia me batido uma terrivel saudade de algo que eu nunca mais vou encontrar, foi inevitavel encher meus olhos de água. Chorei por um tempo, peguei uma folha e escrevi uma única palavra, era tão forte e me fazia tão fraco. Ainda restavam 3 balas, uma delas foi aquela tirou a minha vida.

Possíveis Começos para o que Aconteceu

  • Alguns dizem que é o reflexo dos pecados que caiu sobre o mundo.
  • Alguns acreditam que foi a Guerra Geral que finalmente destruiu tudo.
  • Alguns culpam uma doença extremamente contagiosa, que acabou com tudo antes de conseguirem acabar com ela.
  • Outros culpam outréns como sempre é feito pelo mundo.
  • Outros não acreditam em nenhuma dessas alternativas.

Infelizmente nunca haverá concordância sobre como tudo isso teve seu inicio, todos têm uma história pra contar e um motivo para o que ocorreu e quase nunca esses motivos são iguais. Aliás, isso ocorreu há tempo o suficiente para uma explicação não interessar a mais ninguém, só faço esse apontamento de motivos, para deixar como relato histórico caso essa situação consiga ser revertida. Outro ponto a deixar marcado é que os fatos históricos já não são tão importantes, já não há escola para nos lembrar as datas comemorativas, esquecemos os ícones revolucionários e os dias de paz. Os dias agora são de guerra, uma guerra individual, que para nós, parece ser eterna, hoje só nos importa a comida, o abrigo e a sobrevivência.
Sinto muito por não saber explicar o começo, acho até que as pessoas não procuram mais uma explicação (religiosa ou científica), afinal, temos coisas bem mais importantes para nos preocupar.

20 de set. de 2010

Cadeira de Rodas


Minha vida continua como que em conta-gotas e nada do que eu faço traz de volta aquela vontade de andar pelas ruas e sorrir para estranhos sóis que continuam se pondo. Os dias passam e percebo apenas quando vários passaram e você mal para ao meu lado, sempre com uma desculpa inventada na hora e não revisada, sempre com um eu te amo que não busca olhos e um abraço que se dá de costas. Meu tédio é sentir que não há remédio para o que o mundo fez de mim, e que você se pensa tão esperta julgando que eu não percebi seus enganos.
Já não sou eu quem lembra você das coisas que ficaram por fazer, é você quem lembra de algo que ficou por comprar, de algum passeio sozinho que não conseguiu completar. E das minhas tardes solitárias escorregam pelo chão panos molhados de dúvidas, que você faz questão de tornar quentes. Aonde levam tuas ruas? De que cor brilham as flores que você vê? Seu destino achou caminho longe do meu? Já pensei em levantar e te seguir, unir as forças poucas e encontrar a verdade com os olhos, fotografar na alma o que o peito já espera. O amor é a crueldade com uma bela maquilagem.
Mais um dia fora, mais uma noite na cama, teus encantos vão ficando aos poucos na porta da frente, cada você que entra é mais feio que o passado. E aquele belo e sorridente passado tornou-se presente com lágrimas e tristezas no corpo. Meu corpo já cansado de estar sozinho busca forças onde não pode encontrar, busca movimentos que não saem do lugar e você nunca está, pra ver a evolução que eu posso alcançar, pra sorrir o sorriso que eu posso te dar, você nunca está. E da minha solidão junto histórias que não posso confirmar, decoro suas contradições que não posso apontar, sinto seu lábio cada vez mais seco e seu desejo cada vez mais distante do meu corpo.
Sigo assim, a vida em conta-gotas por culpa de pernas que desaprenderam a andar.

18 de set. de 2010

mais Lembranças Do(A) que Realidade


Musas
Alexandre Ferreira & Kuosan

Nada de você restou em mim,
Até o batom de seus beijos já se foi.
Sumiu o cheiro daquele seu perfume
E o espelho já desaprendeu seu rosto.

Esse quarto não conhece mais seu nome,
Caiu-lhe a sua metade da tinta.
Envelheceram aqueles versos de amor
E hoje já não passam de poesia de amigo.

E mesmo que eu sinta uma pequena saudade
Sozinho sigo , não quero mais nada,
Tudo o que vem dele, um dia se vai...
Pelo menos sei que tive uma amada
E só assim as musas são perfeitas,
Mais lembranças do que realidade.

1 de set. de 2010

Diário Sem Nome Encontrado no Fim do Mundo (Parte 2)

Quando o Fim Mostrou-se na Janela

Começou durante uma tarde qualquer, o sol estava lá, as pessoas também. A terra girava como tinha de ser, as guerras explodiam, os animais eram mortos para enfeitar a casa ou roupa de alguém rico, ou simplesmente para a diversão de alguns jovens cruéis. A fome doía, a riqueza transbordava e o sexo ainda ardia. O mundo era mundo, com suas desgraças imundo, aquele bom tempo antigo, que naquele tempo não era bom. Tenho saudade do meu mundo quando olho para a terra que hoje se apresenta a mim.
Tudo começou anunciando o fim, e o fim chegou se mostrando eterno, como se a terra deixasse de girar, como se o sol deixasse de iluminar, as ruas se encheram de pavor, os gritos se encheram de temor e o amor deixou de existir por um momento. O fim é negro e na eternidade nada tem cor.
Antes era belo, hoje não é. Antes era populoso, hoje é fantasma. O gosto era bom, saboreável, hoje a comida pode nem ter gosto que a comeremos. Antes o povo sorria, hoje o pouco que existe lamenta e chora. Antes o homem matava... E isso, isso não mudou. O tempo passa e apaga as boas coisas, as ruins são marcas eternas em nosso corpo, como um filme de terror que nunca termina. Assim foi a mudança do mundo, julgavam-no miserável e triste, hoje ele é ainda pior.
Nesse mundo de agora, o que antes era beco, hoje é avenida, os pesadelos que antes só existiam quando fechávamos os olhos, hoje andam livres por onde nossos pés pisam.
O fim mostrou-se pela janela, engolindo o que era vida, transformando tudo o que existia. Ninguém sabe ao certo, só sabem que começou.