1 de set. de 2010

Diário Sem Nome Encontrado no Fim do Mundo (Parte 2)

Quando o Fim Mostrou-se na Janela

Começou durante uma tarde qualquer, o sol estava lá, as pessoas também. A terra girava como tinha de ser, as guerras explodiam, os animais eram mortos para enfeitar a casa ou roupa de alguém rico, ou simplesmente para a diversão de alguns jovens cruéis. A fome doía, a riqueza transbordava e o sexo ainda ardia. O mundo era mundo, com suas desgraças imundo, aquele bom tempo antigo, que naquele tempo não era bom. Tenho saudade do meu mundo quando olho para a terra que hoje se apresenta a mim.
Tudo começou anunciando o fim, e o fim chegou se mostrando eterno, como se a terra deixasse de girar, como se o sol deixasse de iluminar, as ruas se encheram de pavor, os gritos se encheram de temor e o amor deixou de existir por um momento. O fim é negro e na eternidade nada tem cor.
Antes era belo, hoje não é. Antes era populoso, hoje é fantasma. O gosto era bom, saboreável, hoje a comida pode nem ter gosto que a comeremos. Antes o povo sorria, hoje o pouco que existe lamenta e chora. Antes o homem matava... E isso, isso não mudou. O tempo passa e apaga as boas coisas, as ruins são marcas eternas em nosso corpo, como um filme de terror que nunca termina. Assim foi a mudança do mundo, julgavam-no miserável e triste, hoje ele é ainda pior.
Nesse mundo de agora, o que antes era beco, hoje é avenida, os pesadelos que antes só existiam quando fechávamos os olhos, hoje andam livres por onde nossos pés pisam.
O fim mostrou-se pela janela, engolindo o que era vida, transformando tudo o que existia. Ninguém sabe ao certo, só sabem que começou.

2 comentários:

... Ψ Blonde Redhead Ψ ... disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jéssica Viana Barone disse...

Seus textos são fodas.