20 de jun. de 2010

Romeu e Julieta


Cruzei meus olhos com os dela, estava sozinha em uma mesa, parecia triste, seus olhos imploravam companhia. Olhei ao redor e não havia mais mesas vazias, famílias completas e amigos de longa data infestavam o lugar de alegria. Ela lá sentada e sozinha era o preto e branco de uma foto colorida. Me aproximei e pedi cadeira, além claro de um pedaço da mesa, prometi não lhe incomodar, expliquei que tenho mania de comer rapidamente e sem tirar os olhos da comida era preciso apenas que ela ignorasse a minha presença. Ela aceitou, pareceu disposta e ver através de mim, me deu um sorriso, infelizmente o sorriso não apagou sua cara de tristeza... Sentei-me e comecei a comer, ela comentou o fato do lugar estar completamente cheio, eu concordei e lamentei o fato de ter de incomoda-la para almoçar, tinha uma bela voz, aquela moça sem nome, disse ela que eu não estava incomodando, que odiava almoçar sozinha, mas para afastar-se de casa fazia isso as vezes. A conversa continuou, não sabíamos o nome um do outro mas conversamos, como velhos amigos, ela foi se soltando, o sorriso apareceu em sua boca e agora eu era capaz de perceber a beleza daqueles olhos azuis. Perguntou-me o que costumava fazer, menti sobre minha carreira e sobre gostos pessoais, a beleza dela me cativava e a realidade sobre minha pessoa faria ela desistir. As garfadas foram passando e nós conversando, o ar ignorava o som que devia chegar até nós, o restaurante era lotado, mas havia ali apenas eu e ela. O assunto as vezes parava, mas nossos olhos não se desviavam, "pintava o clima" como costuma-se dizer hoje em dia, continuou assim o almoço até termina-lo, comprei refrigerantes para beber e poder continuar o papo, era um bom papo. Ela sabia conversar, era interessante, e parecia sincera, o que pensaria se descobrisse a fantasia em minha atitude? O que ela acharia do verdadeiro eu? Estas são perguntas sem tempo para serem respondidas, e continuando a falar de tempo, o tempo passou e eu já devia ir embora. Disse a ela que tinha um compromisso, ela sorriu gentilmente, disse que era uma pena, que estava sozinha e que não teria nada para fazer em casa. Fui obrigado a dizer-lhe a verdade, eu não tinha compromisso, apenas estava me achando inoportuno na mesa junto dela, convidei-a para irmos a outro lugar, quem sabe passear entre as árvores de um parque, disse a ela que apesar de tudo eu era de confiança. Ela disse de volta que saberia se defender caso eu não fosse... E assim saímos de lá, caminhamos até um parque próximo, olhar árvores é melhor do que caminhar olhando para prédios e carros. O clima melhorou e eu já queria aqueles lábios em minha boca, mulher encantadora... A caminhada foi longa e a conversa não decaiu em qualidade um segundo sequer, nos queríamos e ambos sabíamos disso. Finalmente nos rendemos ao encanto da situação, nos beijamos apaixonados pela atenção dada ao outro, e o beijo foi tenro, os lábios dela tinham, que José de Alencar me perdoe o plágio, eles tinham gosto de mel e duraram quanto nosso fôlego permitia durar, a mulher dos olhos tristes era agora uma menina de sorriso fácil... A paixão alegra o coração dos tolos... Mas Cronos é cruel e decidiu que aquilo não deveria tardar. Sorrimos um ao outro dizendo que tudo tinha sido ótimo, ela me passou seu número de telefone, enquanto eu dei o meu a ela, demos um beijo de despedida como um velho casal de namorados.
Gostaria de saber qual o motivo do tempo passar tão rápido nessas ocasiões em que queríamos que ele se estendesse ao máximo...

Viraram-se as costas, cada um em uma direção, jogaram os papéis com os números ao lixo... atualmente é assim a alegria, as belas histórias de amor, não passam de um dia.

3 comentários:

Jessy. disse...

É bem nessa.
Essas são as melhores histórias de amor. xD

disse...

cara...

às vezes fico me perguntando: "como o AlxSeth faz pra escrever tão bem?"

esse texto (ou será um fato?) é muito bom... gostei muito mesmo! e é com sua permissão que cito-o em meu humilde blog...

abraços!!

Myt disse...

Este também me deu gosto de ler '-'

Lindo, lindo... Valeu a pena perder 15 minutos do Cabal :3