1 de nov. de 2009

Os Pensamentos Na Frente do Espelho


Cinco longos dias passam na vida de Mauro, os olhos vermelhos já fazem parte de sua rotina desregrada, são os olhos vermelhos de fome, que buscam o vicio desesperadamente. Sua mente está presa na busca pela satisfação e seu corpo clama por mais um pouco de diversão.
- Deixem-me livre! - É o que ele diz para quem quiser ouvir, mas ele é um jovem velho e surdo. Os anos de prazer sugaram sua força e deixaram várias vezes seus ossos espalhados pelo chão. Mauro tolo segue o mesmo caminho, com a certeza de ser um caminho vão, mas também com a certeza de esquecer o mundo. Talvez pense que o mundo é cheio de caminhos vãos, não se pode dizer que ele está errado, afinal, todos têm fugas. Porque fugimos do mundo? Todos desacreditados, mas é a vida... É bonita e é bonita, então quem escondeu essa beleza? Talvez ela esteja enterrada junto com as canções de amigo e os poemas de amor.
Mauro há cinco dias não come, apenas pensa e assim os pensamentos desesperados vão comendo sua já pouca sanidade. Mauro pensa que viver assim é tortura, mas as horas nunca param de passar, as horas nunca param... Só param quando ele tem algo para esperar. Da janela do seu quarto (apelidado por ele de cela), vê as pessoas caminharem, a sociedade os julga livres, mas eles não sorriem, estão presos no mundo, estão presos em suas mentes cheias de problemas. Os livres não sorriem, e os presos são presos por tentar encontrar um modo de sorrir. Mauro pensa e as horas nunca param mesmo paradas elas nunca param, o dia corre de tão arrastado.
São cinco dias de espera e finalmente eles se aproximam, o seguram pelo braço, um condenado...
- Quais são suas últimas palavras? - Diz o carrasco olhando fixamente em seus olhos, um sinal para que ele não diga nada.
- Mesmo assim, mesmo aqui! Sou mais livre que todos vocês. Vivi e busquei sorrir! Só morrem vocês, pois quem, como eu buscou sorrir, vive pra sempre!
O carrasco do espelho não responde.
A lembrança do sorriso que havia em sua boca e o rosto triste dos que não são condenados...
Assim, com essa imagem nos olhos, morreu o primeiro homem por causa da injustiça.

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