16 de jan. de 2010

Isto. (Introdução)




Introdução


Isto. Não há melhor maneira para definir a tentativa de contar a história de um homem que não existe, este homem inexistente sou eu. Narro aqui a história dele/eu, que busca apenas respostas para perguntas que nem foram feitas.
O principal objetivo disto é jogar ao léu pensamentos, tormentos, quiçá até sofrimentos, desde que isso seja pego pelo abismo onde todas as letras morrem.
Sou o que sou e não há definição melhor pra mim, sou um homem que conta as horas do relógio passar, que vê do céu a água jorrar, que aprecia com fervor os próprios olhos chorar. Um homem inexistente, que de tão não vivo, cria-se em personagens que nunca existiram. Sobrevive a amores que nunca partiram e tem medo de horrores que nunca o perseguiram. A mentira talvez seja a marca de todo escritor, o exagero, a indecisão, a contradição, talvez essas sejam as bases da poesia escrita hoje em dia, talvez essa seja base da minha existência não existida. Porque dos amores vãos nascem tantos sofrimentos? Porque da ganância nasce o crime e não a batalha? Porque no nascer da vida vem a certeza da morte? Não sabendo responder essas questões afirmo sem temor que não existo, e que talvez até você leitor não exista. Essas palavras podem nunca ter sido escritas, lidas, vistas, sofridas, tudo pode nunca ter sido.
E eu me pergunto, e você se pergunta... O que pode então existir? Talvez esse seja o segundo objetivo do livro, saber o que existe... Pra mim, existe o que está marcado em nossos corpos como cicatriz. O sofrimento é uma coisa que existe, que não há como negar, todos nós, os não existentes, nos agarramos ao sofrimento, isso o define como existente. Sempre que guardamos algo em nossa memória, o que mais fica, modifica, edifica é o sofrimento. O sofrimento existe, pois por sofrer de solidão o céu criou a terra e a lua se refletiu no mar.
O futuro é outra coisa que logicamente existe, explico. Quando temos um grande amor, o que mais esquecemos é de vive-lo, pensamos, juntamos, criamos o futuro, segurando a mão da esperança, deixamos o presente de lado e brigamos no futuro. Quando se ama, perguntas como: “você vai sempre estar comigo?”, “Quando nós morarmos juntos, teremos isso?”, chegam a ser clichês, essa é a prova da existência do futuro, não há perguntas como: “você está comigo agora?”, “aqui, agora, eu sou a melhor coisa da sua vida?”, talvez isso prove que não há presente...

Assim, somos todos deuses, inexistentes, mas agarrados/criados a coisas que existem.

Um comentário:

Melia Azedarach L. disse...

As vezes eu penso que não existo, mas ainda sim eu faço essas perguntas que ninguém gosta de responder, as vezes eu pergunto se aquele momento vale a pena, o momento que está ocorrendo.Talvez isso também seja um clichê, mas um clichê no presente.