2 de jul. de 2009

A Incerteza (História em Vermelho: Parte 6)


As palavras estão fugindo pelas janelas, sendo queimadas por suas musas e a tinta vai acabando por riscar o que já foi escrito. Mais uma folha arrancada do que poderia vir a ser um bom livro, menos idéias e mais aborrecimentos, a frustração é companheira assidua de vários filmes. O telefone toca, é ela, fala rápido, me tira do fundo do poço e fala rápido, diz me amar e me joga lá embaixo de novo... Lembro do vermelho dos cabelos dela, contrastado com o branco de sua pele, ela reflete toda, é um anjo, um belo e destruidor anjo. Relembro o cheiro dela antes de dormir, o sorriso e o riso, relembro o toque das mãos dela, dos lábios, do corpo. Talvez, só me reste lembrar, usar disso enquanto ainda está na minha cabeça, nos meus dedos, enquanto ainda está em mim. Tenho um futuro de incertezas pela frente, não sei quantos personagens mais irão surgir nessa história, não sei quantos amantes mais vão se formar, não sei de nada, não sei quanto tempo irá passar até tudo ser decidido. E não saber me enche de um sentimento que não sei definir. Lanço mais uma vez as perguntas, e as respostas só trazem mais perguntas. Quero acabar com tudo isso, fugir e começar do zero novamente, seria o melhor a fazer, mas algo no ar me diz pra ficar e tentar, sempre tentar. As forças não duram pra sempre e até o mais forte dos sentimentos morre com o tempo e com o que temos como certeza do que acontece no momento.

O mundo é tão incerto quanto previsões de uma cigana, o amor é tão incerto quanto o coração de um transplantado, a vida é apenas um dado, sempre sendo rolado.

Um comentário:

disse...

Série de extrema qualidade, tanto literária, quanto emocional.

Parabéns pelos textos. Continue escrevendo assim, dando grandes motivos para a literatura não acabar. Grandes motivos para continuarmos vivendo, pois não sabemos quando ou onde poderemos encontrar um alguém especial e, talvez contar uma história tão boa assim para nossos filhos e netos.